terça-feira, 7 de junho de 2011

Guardadores de veículos despertam apoio de uns e repúdio de outros no Centro

Sorocaba - Denis Wiliam Santarcangelo, 28 anos, trabalha como guardador de veículos, apesar de não abrir mão do traje social. Em meio à acirrada disputa por pontos que faz parte do dia a dia da categoria, ele é querido pelos motoristas que habitualmente param rua Almirante Barroso, no Centro. Mas essa harmonia entre guardadores e motoristas não é padrão pela cidade.
Sempre receptivo, Denis começou a trabalhar no ramo há 5 anos e não quer outra vida. Ele já atuou como vendedor, mas o salário não compensava. “Trabalhava muito e ganhava pouco. Gosto da rua porque eu mesmo faço o meu horário e mantenho contato com o público.”
O lucro, diz,  também compensa. De moeda em moeda ele chega a ganhar R$ 700 por mês. “Algumas pessoas não dão dinheiro, outras sempre dão alguma coisa”, conta Denis, que já  ganhou R$ 20 em uma única gorjeta.
O guardador de carros da Almirante Barroso é apadrinhado por comerciantes. Um deles, João Ribeiro, conta que tem uma relação de amizade com o guardador  e que por diversas vezes já o convidou para tomar um café em seu estabelecimento.”Ele é muito educado e querido por todos”, conta o empresário.

Outro guardador, Wagner Ferreira, 39, ganha até R$ 1 mil por mês próximo ao Hospital Regional.“Tenho clientes antigos”, conta o  guardador, que já trabalhou com carteira assinada, mas em razão da pouca qualificação sempre ganhou baixos salários. Ele diz que não tem interesse em estudar ou trabalhar em uma empresa porque se considera velho para o mercado.
Coagidos /Os guardadores vivem sob o estigma do flanelinha, sujeito mal encarado que se aproveita de quem estaciona o carro em via pública para pedir dinheiro e até ameaçar de forma velada a integridade do veículo. 

A advogada Rita de Cássia Candiotto, 45, afirma que teve seu carro riscado por ter falado que não iria pagar. “Me sinto coagida a dar dinheiro só para não ter o meu carro riscado”, afirma a advogada,  que deixa seu automóvel  em um estacionamento durante o trabalho para não correr o risco de ser surpreendida por um flanelinha.
Segundo o delegado e relações públicas da Delegacia Seccional de Sorocaba, José Antônio Belotti, posturas de ameaça ou mesmo casos de dano protagonizados por flanelinhas podem ser registrados, mediante boletim de ocorrência, desde que se tenha os dados do acusado.

Roubo de carro /O comandante do 7º Batalhão da PM, Vitor Gusmão, diz que não há controle de quantos flanelinhas agem na cidade, mas o que se sabe é que alguns são “olheiros”, que levantam informações e repassam a bandidos que roubam e furtam veículos. O policial indica o Disque-Denúncia para que a população passe informações referentes a esse tipo de delito. “Fora isso, fica difícil para a polícia saber quem é bom e quem é mal.”

Para Yuri, atividade é um trampolim
Estudante de 20 anos custeia curso de radiologia graças à atividade de guardador e planeja fazer um curso superior na área da saúde.
Filho de psicóloga, Yuri Campos, 20, optou por trabalhar na rua como guardador de carros. Mas diferente dos guardadores que não planejam um futuro de mudança, o jovem afirma que está usando a atividade como um trampolim que lhe ajuda a bancar o curso de técnico de radiologia.
Há 4 meses desempregado,  Yuri é ex-jogador de basquete pela seleção de Sorocaba e sonha com um diploma. Ele trabalhava na área de limpeza em uma empresa de terceirização, mas saiu para tentar novas oportunidades. Sem dinheiro para custear a vida no esporte, o abandono do basquete veio como consequência.
Cada gorjeta que ganha hoje em dia é somada  para pagar a mensalidade do curso, que custa R$ 750. O rapaz também quer  fazer um curso superior na área da saúde. Afirmando que tem como meta dar orgulho à mãe, ele conta que quando ingressou na atividade não recebeu apoio da família.

Fiscalização/A Urbes –Trânsito e Transportes afirma que  a fiscalização de guardadores é de responsabilidade da segurança pública. A empresa pública afirma fiscalizar apenas as regras impostas pelo Código de Trânsito Brasileiro. A Urbes explica que não existe uma lei que regulamente a atividade dos guardadores em Sorocaba e alega que as pessoas que realizam a guarda de veículos o fazem sem autorização expedida pelo governo municipal.
A Urbes explica ainda, em nota, que é ilegal usar o espaço público para a cobrança de taxas. A legislação estabelece que para isso seja feito um processo licitatório para a concessão ou permissão.Fonte: Rede BOM DIA.

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